Tiago M - A ilusão PMO

A questão da rotina melhorou um pouco. Consegui colocar muita coisa em ordem e isso é bom. Porém, passo por um período delicado. Já recaí muitas vezes nessa etapa e quero superar isso, quebrar essa barreira.

Não gosto de me expressar dessa forma, mas a verdade é que sempre chega um ponto em que meu corpo pede por um orgasmo. Não tenho vontade de ver pornografia, mas o modo caça é ativado muito facilmente. E as vezes vem a vontade de praticar masturbação também. Parece que minha mente é capaz de me empurrar pra qualquer coisa, desde que no fim alcance uma descarga de dopamina. E aí, logo em seguida começam as sessões infindáveis de pornografia pra compensar a baixa.

Eu acredito que muito disso se deve ao fato de que meu corpo não é acostumado a ficar muito tempo sem orgasmo. Como já relatei aqui, comecei a me masturbar ainda na infância (5/6 anos) por influência dos meus primos. E desde de então nunca fiquei sem isso.

Hoje aconteceu uma coisa muito desagradável. Fui sair na moto quando percebi um cara me encarando. Estranhamente eu fiquei curioso com aquilo, e acho que o cara ficou com a impressão de que eu estava interessado. Se eu realmente estava, ali, no momento, não deu pra identificar. Acho que foi mais um certo machismo da minha parte e a minha mente alterada pela abstinência de orgasmo. Não sei. Depois que passou eu fiquei me sentindo meio ridículo.

À tarde dormi um pouco e acordei me sentindo melhor. Fiquei refletindo que não vale a pena se deixar abalar por essas situações, pois elas passam. O nosso estado mental nem sempre está 100%. Mas isso não significa que devemos nos deixar levar pelas loucuras da mente viciada. O momento passa, e o melhor é sempre manter a convicção, pois se ceder só o que vem depois é o arrependimento e mais sofrimento mental.

Vou aproveitar que as coisas estão mais organizadas (não sei até quando) e vou escrever mais aqui no diário. Acho que desabafar aqui nesse momento pode servir para tirar um pouco dessa tensão.

Eu já coloquei na minha cabeça que vou quebrar essa barreira. Ontem passou pela minha cabeça praticar MO pra ver se me aliviava um pouco, mas desisti da ideia. Historicamente isso só me levou a mais desejo e, no fim, a pornografia. Vou ver onde isso vai dar. Se meu saco vai explodir, se uma hora a minha cabeça não vai cansar de ficar objetificando tudo e todos.

Eu fico mal com essa objetificação. Detesto quando minha cabeça entra nessa nóia. A vida é tão sofrida, tantas pessoas passando por dificuldades, crianças sofrendo... E eu aqui só pensando besteiras. Isso sinceramente é o cúmulo. Como eu consigo ser tão egoísta e viver fechado em uma bolha onde tudo parece se resumir a prazer sexual?

Felizmente eu ainda não cheguei em piores fases, e espero não chegar dessa vez. Estou conseguindo lidar com a situação mesmo tendo que lutar com minha própria mente, o que é muito complicado. Mas isso passa. Pode demorar um pouco, mas passa. Pela experiência eu sei disso. É só saber esperar que outros tempos virão. Logo o vento sopra e essas nuvens se dissipam.

Aqui na rua em que fico a maior parte do tempo, tem três moças que não tenho certeza se são prostitutas, não tenho experiência com isso. Uma delas é toda gostosona, encorpada e muito nova. Não faz muito o meu tipo. Gosto de mulheres magras. Essa é tão encorpada que se eu cair ali dentro, provável que não me encontre mais. Pois justamente elas costumam passar não muito tarde da noite com roupas bem sensuais. E justamente essa que não faz o meu tipo (mas é muito bonita, reconheço) veio se insinuar pra mim aqui na sacada de casa, me perguntando as horas sendo que nem estava com relógio nem com celular. Teve uma noite também que ela ficou bastante tempo sentada numa calçada aqui perto só olhando pra cá. Entrei um pouco e, quando saí, ela tinha ido embora. Enfim, isso me perturba porque sei onde vai dar se acaso eu resolver me envolver com ela. Sexo sem compromisso, depois cada um pro seu lado, vazio, masturbação, pornografia, mais vazio...

A pergunta que eu me faço é: por que tenho sempre que repetir os mesmos erros?

Dessa vez eu vou fazer diferente. Vou passar por cima de tudo isso. Quero ficar no mínimo uns três anos sem PMO e também sem sexo desregrado. Se for me relacionar tem que ser com alguém que não queira só sexo. Quero ver como eu vou estar depois desses três anos. Ver os resultados. Não quero mais ficar nesse ciclo de cai-levanta, cai-levanta, cai-levanta...

Chega!

Ontem foi feriado aqui na cidade que moro. Aproveitei pra subir a serra. Voltei hoje pela manhã.

O contato com natureza e a mudança de ares me fez muito bem. Não sei porque, mas tem alguma coisa no centro dessa cidade que me faz mal. Sempre que me afasto percebo que minha mente clareia mais.

Eu estou com energia extrema e isso está diretamente relacionado a sexualidade. Percebo mais interesse pelas coisas, porém muito fixado na questão sexual.

Preciso canalizar essa energia pra outras coisas. A sexualidade se expressa em todos os contextos da vida, não apenas na genitalidade, no ato sexual propriamente dito. O problema de quem tem vícios sexuais é deixar a sexualidade levar vida própria, como se não estivesse integrada no ser, compondo e equilibrando a energia vital.

Sistema de recompensa bagunçado nos faz perder o desejo por outras coisas, se engajar em projetos com interesse e afinco. A única coisa que faz o corpo reagir é a possibilidade de experimentar o prazer sexual. Pra isso sempre há ânimo, enquanto não se chega no fundo do poço.

Aprendendo a lidar com essa energia tão importante e tão desperdiçada com coisas inúteis.

Depois do feriado que mencionei, se seguiu a rotina de trabalho normal. Os dias de tentação mais forte parece que chegaram ao fim. Percebo que minha mente está um pouco frustrada por não ter tido o que queria. Senti um pouco de desânimo e finalmente hoje muita sonolência. Inclusive depois desta postagem vou dormir, porque realmente me sinto muito cansado, e acho que muito disso é devido aos dias de tormento que passei.

Vamos ver como serão os próximos capítulos. Esta é a primeira vez que chego nessa marca sem praticar a maldita masturbação. Na vez que passei dos 100 dias foi só sem pornografia (devo ter me masturbado justamente por volta do dia 70), então de certa forma é algo novo. Uma coisa digo: ficar sem masturbação durante tantos dias aumenta muito a energia. O difícil é lidar com ela e não deixar descambar só pra questão do prazer sexual.

Eu não sei bem se foi o Gary Wilson que disse isso, mas já ouvi ou li em algum lugar que a pornografia altera fisicamente o cérebro, pois os caminhos neurais que ele cria com base nas vivências vão formando afetos, hábitos e também vícios.

O que eu percebi na minha mente esses dias foi algo que parecia ser físico. Como se a abstinência do vício estivesse causando mudanças físicas no meu cérebro, só que no sentido de mudar da rotina do vício para uma outra, é quase como que sentir a transformação no cérebro acontecer fisicamente.

Eu digo pra você que não está conseguindo ficar muitos dias longe disso: não se culpe. A desgraça desse vício é algo muito difícil de deixar. Quando você faz um esforço pra sair disso você está simplesmente alterando o seu cérebro, e isso não é nada fácil. Por outro lado, se você se propõe a abandonar essa prática nociva, não dá pra dar mole. Algumas vezes você terá que bater de frente, outras que se esquivar, ir dando olé no seu cérebro porque se não ele lhe passa uma rasteira e logo você estará novamente na lama. Tem que ser esperto e usar várias estratégias.

Felizmente esse estado de luta que parece insuportável não é eterno. Por um período o esforço pode parecer maior, mas depois volta a um patamar normal com o qual você consegue lidar tranquilamente. Aí é só ter cuidado para nunca mais cair na armadilha, pois o cérebro tem uma facilidade muito grande de se viciar em coisas prazerosas. E se deixar, é isso que vai acontecer.