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27/12/2022, 08:03
Bom dia gente! Eu gosto de escrever. E uma pessoa que eu amo muito me disse que escrever sobre poderia me ajudar. Quero ficar bem e ser melhor. Vou tentar assim.

Vou dividir meu diário em duas partes. Na primeira tentarei contar a minha história, especialmente a partir do momento que descobri minha sexualidade e minha orientação sexual. Na segunda falarei sobre o "hoje", como estou me sentindo e tal. Espero que consiga me ajudar e ajudar alguém também.

Primeira parte: Minha história
Eu não em recordo ao certo, mas deve ter sido com aproximadamente uns 10 ou 11 anos quando eu lembro de ter acessado material pornográfico pela primeira vez. Foram vídeos pornográficos que meus pais alugaram na locadora. Eles deixavam fora da nossa vista, mas acabávamos encontrando e assistíamos escondido. Eram vídeos hetero. Até uns 12 anos passei também a ter acesso a revistas pornográficas que meu pai comprava, pois era representante comercial e de certo usava para aliviar. Ele também deixava fora de nossa vista dentro de um cesto de coisas velhas que ficava atrás da porta do banheiro. Sobre essas revistas há uma questão específica e que marca muito a minha descoberta relacionada a minha orientação sexual. No final das revistas havia uma seção de fotos que leitores mandavam (os nudes da época, rs) e onde faziam uma breve descrição de perfil e de preferências e deixavam uma caixa postal para contatos (um tinder analógico). Eu achava aquilo uma loucura. Como as pessoas se expunham assim (nenhuma mostrava rosto, mas eu já achava um absurdo). Mas não é nem sobre isso que quero falar, mas sobre o motivo de minha descoberta. Eu vi pela primeira vez uma imagem de um homem penetrando o outro. E quando eu percebi estava excitado. E ao perceber que estava excitado, fechei a revista e saí dali meio desnorteado. Acontece que vira e mexe eu voltava naquela imagem e relutei muito até me masturbar pela primeira vez. Eu não lembro muito bem, era muito novo, mas como aquilo viria a se tornar comum eu devo ter sentido culpa. Eu atingia o orgasmo e me sentia culpa. Sentia vergonha. Brigava com minha consciência. Eu não admitia que eu podia sentir aquilo por homens. Estudava numa escola de freiras, tive uma educação católica, frequentava missas de domingo, fiz catequese, primeira comunhão e mais tarde até crisma (digo até porque com 15 anos a gente já tem maturidade e discernimento para decidir, a comunhão ainda meio que tu vais na onda dos pais). Enfim. Junto à questão dos costumes católicos e todo o pacote que vem junto, tinha a questão de uma família hiper machista. Era década de 1990: viado, bicha, mulherzinha, etc. eram xingamentos considerados normais por toda a gente. Não se tinha informação sobre nada. Para se ter uma ideia durante muito tempo eu assimilava que quem era gay é porque queria ser mulher, mas nasceu homem. A ideia de que se um homem resolvesse se assumir gay logo estaria vestido de mulher era o que eu pensava. Tipo: se gostava de homem é porque queria ser mulher. Com tanta informação que felizmente temos hoje isso beira o ridículo, mas para quem não tinha essa informação, era isso. Ou melhor, o que a gente juntava de tudo e criava em termos de concepção e entendimento das coisas. E pior: com quem tu irias conversar sobre? Tipo: se eu perguntasse demonstraria interesse e seria considerado gay. Enfim. O fato é que tudo isso me fez lutar contra o que eu sentia. Mas ao mesmo tempo forjar um mundo secreto. Um mundo paralelo onde eu podia fantasiar, sentir prazer e atingir o orgasmo em paz. Era o banheiro da casa, era qualquer canto da casa quando eu - raramente - conseguia ficar sozinho. Eu pegava roupas do meu irmão ou do meu pai mesmo e colocava sobre a cama dos meus pais e vestia um travesseiro para parecer um parceiro. Dialogava, abraçava, curtia aquilo. Sempre com medo que alguém chegasse. Fora que acho que quando estamos com medo, ouvimos muito barulho que acho que só existe na nossa cabeça. De 5 em 5 minutos ia ver se alguém estava chegando na porta. Mas depois do orgasmo, a culpa, a vergonha e a vontade muitas vezes de não ter nascido. Quantas vezes eu rezei a noite pedindo para não sentir aquilo? Quantas vezes perguntava a Deus (porque rezava toda a noite): por que eu? Por que eu não sou "normal"? Eu só queria ser como todos os meus amigos e primos. Eu só queria ser feliz. Eu só queria que as pessoas me vissem como uma pessoa normal (desde pequeno as pessoas me viam diferente: não gostava tanto de jogar futebol e de muitas coisas que meninos geralmente gostavam, era mais alternativo). Eu cheguei a pedir a Deus que se fosse impossível reverter isso, que então me tirasse a vida. Mas não foi isso que aconteceu obviamente. Eu vou continuar a história num outro momento...

Segunda Parte: Como está R_Dune hoje
Hoje estou iniciando o segundo dia sem nenhum tipo de pornografia, rede social ou qualquer coisa assim. Me sinto mais limpo e leve. Consigo me concentrar em outras atividades. Na verdade estou também extremamente triste, pois meu namoro de quase três anos chegou ao fim. E foi isso que acabou me levando a buscar ajuda. Esse foi o fundo do poço ao qual precisei chegar para conseguir buscar ajuda. Comecei a frequentar as Reuniões do Dependentes de Amor e Sexo Anônimos - D.A.S.A, comecei a ler coisas sobre a forma como venho me comportando e estou aqui escrevendo. A generosidade da pessoa que sofreu as consequência disso, por minha causa é que me trouxe até aqui. Ela indicou porque também já esteve por aqui. Eu vou ter que sair porque vai começar mais uma reunião. Espero que todos consigam evoluir por aqui. Agradeço pelo espaço e por lerem o que eu tenho para compartilhar. Espero me tornar alguém melhor e levar uma vida sem mentiras. Apenas podendo dar o que eu tenho de melhor para os outros e me deixar amar. Bom dia gente.


Última edição por R_Dune em 27/12/2022, 22:50, editado 1 vez(es)

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27/12/2022, 10:06
Olá bom dia, seja bem vindo ao fórum. Espero que consiga se livrar do vício. Independente de todos os problemas ele só piora as nossas vidas. Continue com as brechas fechadas e se livre de todos os conteúdos pornográficos. Mudar a sua visão sobre o sexo irá lhe fazer muito bem, pois conseguirá enxergar melhor as coisas e entender que existe muitas coisas bacana além disso.

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27/12/2022, 18:47
Muito obrigado!

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27/12/2022, 19:41
Vou dar continuidade ao meu diário que iniciou hoje pela manhã. Sei que "diário" é para ser diário, mas eu preciso desabafar por meio das palavras, hoje estou muito angustiado e triste em decorrência das consequências que o vício me trouxe. Eu perdi meu amor...

Primeira parte: Minha história
... Minha adolescência foi marcada por esse estigma contra ser gay. Como eu disse, a falta de informação e o mundo posto como gays sendo algo "anormal", marginal aquilo que era considerado o padrão estava arraigado também na minha forma de pensar. Eu sempre fui uma pessoa pacata, fácil de aceitar as coisas como elas são, as regras. Eu assimilava muito bem as coisas, e seguia. Isso era bom do ponto de vista de todos: "um bom menino", "obediente", "de ouro", etc. Mas por dentro daquele menino tinha um montão de dúvidas, um monte de questões mal resolvidas que não continha a resposta em nenhum livro, em nenhum programa de TV, em nada a que eu tivesse acesso. Então não dava nem para seguir. Era eu e Deus. Sim, eu sempre acreditei em Deus. Num primeiro momento, daquele jeito Católico Apostólico Romano, depois com o tempo e hoje como uma energia que está na natureza, incluindo nas pessoas. Deus eu não sei traduzir, mas foi com esse ente que eu sempre conversei nos piores momentos da minha vida. Era a quem eu podia recorrer. E eu recorria a ele com frequência.
Bom, dito isso, é de se imaginar que na prática - ou melhor, na prática oficial - eu me relacionava com meninas desde sempre. Estranho é que me recordo que de certa forma éramos um pouco avançadinhos. Com 9 anos já fazíamos "festinhas americanas", aquelas em que meninos levavam refri e meninas algum doce ou salgado (mais um padrão: lugar de mulher é na cozinha!). Lembro que é dessa época minha primeira namoradinha... A gente dançava música "lenta" (geralmente algum tema de novela em outra língua, hahaha) e eu lembro de ser agarradinho e de eu beijar o pescoço dela. Gente, pensando hoje: que coisa mais maluca. Os pais achavam engraçadinho quando chegavam para nos buscar. "Afinal", deviam pensar, "é a ordem natural das coisas"... Eu adorava chegar em casa dizendo que tinha várias namoradinhas. Na verdade lembro que toda menina que eu achava bonita era minha namorada. Às vezes tinha umas 5! Meu pai ia ao delírio, afinal meu jeito diferente dava a tudo a crer que eu não seria o machão que ele esperava. E eu adorava agradar! Corresponder ao que esperavam que eu fosse. E foi indo assim... Muitas vezes durante a minha infância fui chamado de viado, bicha, etc. por colegas de classe (principalmente alguns que não gostavam de eu ser CDF e ser escolhido para tudo na escola) e por outras pessoas com que eu brigasse (não era de brigar, mas quando brigava...). Meu irmão mais velho às vezes me xingava também quando queria me irritar. Eu ficava possesso. Isso me machucava muito e eu fazia de tudo para melhorar meu comportamento e meu jeito de ser para parecer o mais "menino normal" possível. Aos 11 anos, quando estava na 5ª série me "apaixonei" pela J. Ela era uma menina nova que tinha entrado na turma naquele ano. Achava linda. Cabelos pretos e encaracolados. Olhos de jabuticaba. Era bem tímida. Comecei a mandar bilhetinhos com frases carinhosas que vinham enroladas nas balas Freegells. Eu sentava num lado da sala, ela n'outro, e passava de mão em mão durante as aulas até chegar na mão dela. O último dizia: "o R_Dune que mandou". Ela me olhava ria e ficávamos envergonhados. Demorou até o ano seguinte para, com 12 anos, darmos o primeiro beijo de língua. Meu primeiro beijo foi com J. Ela que me ensinou a beijar. Digo isso, porque quando fomos para o canto do prédio depois de o "esquema" ter sido armado pelos nossos amigos, eu não tinha a menor ideia de como era beijar. Lembro de ter chego perto dela, ela já estava me esperando. Abrimos a boca - eu só tinha os beijos de novela como referência - e ela cutucou a minha língua com a língua dela. Aí eu pensei: "claro, beijo de língua, tem que meter a língua..." E beijamos. Foi até legal para um primeiro beijo. Mas engraçado é que paramos de beijar e saiu cada um para um canto, as meninas foram rodeá-la para perguntar como foi e eu fui ao encontro dos amigos para dizer que deu certo. Isso era "ficar". Eu me senti o máximo. O "menino-padrão". Era tudo o que eu queria ser. Eu só queria que me vissem como mais um menino normal que beija meninas e que faz tudo o que um menino faz... Mas o menino-gay cotinuava lá dentro. Pelos cantos secretos, no banheiro... Lembro inclusive que neste ano era o ano em que o Brasil ganharia o tetra e assisti a uma entrevista do jogador Leonardo no Jô Soares 11 e meia (programa que o Jô tinha no SBT, antes de voltar para a Globo). Nessa época curiosamente eu já praticava uma espécie de rebbot anti gay, sei lá que nome dar pra uma loucura dessas! Eu me controlava para não pensar em homens quando me masturbava. Sim, olhem a loucura. Eu lá de olho fechado me masturbando, surgia um homem na mente e eu pensava na Playboy da Adriane Galisteu que eu achava maravilhosa. Eu estava há uns meses supostamente expulsando os homens da minha mente na hora de me masturbar. Aí veio a entrevista do Leonardo. Eu achava ele lindo. E quando eu vi ele sentando dando entrevista olhei para as mãos dele e fiquei extremamente excitado! Sim! Com as mãos do Leonardo da Seleção Brasileira de 1994! No ano seguinte comecei a namorar uma menina, com 13 anos. No mesmo ano, terminei e namorei outra de outra turma, o que na época era estranho, porque geralmente namoravam pessoas da mesma turma. Cheguei a namorar também a J. aquela em que dei meu primeiro beijo. E aí veio os meus 14 anos. Um marco. Marco porque conheci R. a menina que mudara a minha vida. Ela era linda. Tinha os olhos verdes. Bem pequena e um corpo lindo. Nos conhecemos voltando da escola. Ela me veio perguntar se eu tinha interesse em ficar com uma amiga dela. Ambas eram de outra turma. Eu me apaixonei a primeira vista. E disse de cara: que não tinha interesse, mas que na amiga dela... Nossa, penso como eu era cara de pau e saidinho. Ela riu da minha cara e disse que nem que tivesse interesse ficaria com alguém cuja amiga se interessava... Bom, depois de meses de insistência acabamos dando nosso primeiro beijo na Gincana do colégio. Ela me tinha em suas mãos... Mas e o gay dessa história? Foi parar aonde? Ele continuava existindo e agindo nos bastidores. Nos banheiros e nas tardes sozinho em casa. Isso nunca acabou...Amanhã eu continuo.

Segunda Parte: Como está R_Dune hoje
Estou me sentido horrível. Arrasado. Eu troquei alguns e-mails com meu ex-namorado e eu sinto que não terá mais volta. Eu o amo tanto, mas eu consegui destruir tudo. O vício me levou a traí-lo e algo que não teve qualquer significado para mim, e que na verdade só me fez mal, destruiu meu relacionamento. Eu estou escrevendo toda essa minha história para tentar encontrar o fio da meada que me trouxe a essa situação. Eu estou chorando durante o dia todo rapidamente do nada em momentos aleatórios. Preciso me controlar, pois estou com meu filho. E ele não pode me ver assim. Mas eu não estou pensando em pornografia. Em nada disso. Isso simplesmente nem vem a minha cabeça. Eu acho que me traumatizei. Mais um dia sem. Muito obrigado por este espaço. Boa noite gente.


Última edição por R_Dune em 27/12/2022, 21:06, editado 2 vez(es)
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27/12/2022, 20:45
Não consegui entender algumas partes. Você sempre soube que era gay e tentava lutar contra? Ou achava normal o que fazia até uma hora que viu que não sentia atração por mulheres
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27/12/2022, 21:01
Oi Hguerreiro10! Sim tentava lutar contra. Muito com todas as forças, mas talvez faça mais sentido eu dizer que acabei que me interessava também por meninas. Mas o meu interesse por meninos eu reprimia. Não sei se ficou claro, mas conforme for desenrolando acho que ficará mais claro! Um abraço!
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27/12/2022, 21:17
Entendi sim, você sente atração pelos dois no caso, eh isso?
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27/12/2022, 21:20
Estou passando por algo que talvez seja parecido, embora eu não reconheça uma atração por homens no dia a dia, contido, em aplicativos trocando foto coisa e tal. Eu consigo sentir, eh um desejo mais sexual, que não sei se tem a ver com vício em aplicativo/p. Ou se e algo que eh meu desejo de fato
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27/12/2022, 21:21
Mas o que me deixa confuso, eh que sempre gostei de mulheres, e agora estou tendo dificuldade de ter relação, já pensei até em botar prótese. Desculpa atrapalhar seu diario com confusão mental minha
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27/12/2022, 22:04
Oi Hguerreiro10, não precisa se desculpar, estamos aqui para nos ajudar. Na época sim, hoje já não. A questão é que durou mais de 30 anos para eu conseguir me libertar dessa culpa de me sentir atraído por homens, algo que é o que prevalece hoje. Ao escrever isso tudo, estou tentando me entender. Compreender talvez por que desenvolvi essa dependência. Eu não sei se consigo responder ao teu caso porque também só estou começando a compreender isso tudo... mas eu acho que deves escrever também. Você tem um diário?
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27/12/2022, 22:15
Tenho sim, está logo abaixo do seu “preciso de ajuda”
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27/12/2022, 22:36
Ok. Vou olhar lá!
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Diário do R_Dune Empty Terceiro Capítulo

28/12/2022, 08:15
Bom dia gente. Vou dar continuidade ao meu diário. Hoje estou muito sem vontade de escrever. Hoje é daqueles dias que eu dormiria em cada segundo dele. O peito dói, a alma chora, eu perdi quem eu mais amo. Mas eu sei que isso funciona como uma forma de me ajudar a continuar longe de pornografia, chats e todas as consequências provocadas por isso. Eu preciso ser uma pessoa melhor. Desde já obrigado por este espaço, mais uma vez.


Primeira parte: Minha história
... E daquele primeiro beijo nasceu um amor imenso. Uma paixão avassaladora. Um conto de fadas. Era romântico: durante muito tempo, quase todos os dias levava uma rosa (que na época custava R$1,00 cada) para ela quando ia vê-la no portão de casa que ficava a menos de um quilômetro da minha. Costumava ir de bike. Namorávamos no portão durante o primeiro ano. Depois passamos a namorar na parte de dentro, mas não dentro de casa ainda. E no segundo ano estávamos namorando no sofá da sala. Dali em diante passamos a nos ver praticamente todos os dias. Mesmo! E quando chegava em casa ainda passava as vezes mais de uma hora no telefone! Era uma loucura. Era muito amor. Muita paixão. Fora que os hormônios estavam a flor da pele. Com 15 anos subia pelas paredes. Os amassos eram cada vez mais constantes. Mas ela era dura na queda. Eu fui o único namorado dela e ela, digamos assim, a primeira namorada de verdade, pois as outras foi uma coisa mais adolescente mesmo. A gente ficava muito tempo junto: estudava junto (pois estávamos na mesma escola e tínhamos a mesma idade e na mesma série), jogava baralho, saia para comer salgados numa confeitaria perto de casa que adorávamos, e namorávamos muito. Começamos a nos tornar confidentes. Jurávamos amor para a vida toda. Mas foi aos 15 anos, muito novinho, imaturo e com hormônios fervilhando que numa festa de 15 anos de uma amiga de infância que estudou comigo desde os 3 anos - gente, eu sonhei com ela esta noite, que coincidência louca, eu não a vejo há mais de 20 anos!!! - que eu acabei traindo ela com duas meninas que estudavam comigo. A traição: dei um beijo em cada uma. Sim, foi só isso. Dei um beijo em cada uma e deu. Tinha tomado uma latinha de cerveja o que na época era suficiente para me deixar bem perdidinho. No outro dia ao acordar a sensação de culpa me matava. Eu me sentia a pior pessoa do mundo. E ela não queria que eu fosse. Tinha bastante ciúmes. Mas eu insisti porque era uma amiga de infância e de fato era genuinamente por isso. Na tarde do outro dia fui a casa dela como sempre fazia e começamos a conversar. Ela perguntou como foi a festa e do nada me perguntou "jogando verde": "ficaste com alguém?". Eu simplesmente não consegui mentir. Eu não conseguia mentir para ela. Eu disse: "sim, eu fiquei". E comecei a chorar e ela também. Obviamente que ela me mandou embora. Eu até hoje não sei porque eu disse sim. Mas por outro lado e de uma certa forma isso me dá um mulher orgulho: porque me mostrava uma honestidade, uma ingenuidade e um caráter que eu tinha. Tipo eu fui sincero e honesto, e depois eu me perguntava se eu não fui egoísta: sei lá não precisava ter dito assim. Será que havia esta necessidade? Enfim. Eu fiz o que eu achava que era certo. Resultado: sofrimento! Eu comi o pão que o diabo amassou. Chorava muito, ligava, corria atrás, mandava flores, implorava o perdão. E ela era dura na queda. E um dia me chamou para conversar. Meu coração se encheu de esperança. Só que me chamou para dizer que não teria mais volta! Ela foi carinhosa, mas me dispensou. Eu sofri muito. Era final de ano, e ela foi para a casa de praia da família num município próximo. E eu fiquei ali sozinho. A única coisa que eu jurei a ela é que iria mudar. Ela deixou algo no ar como: "prove". Pois bem, eu provei. Eu passei boa parte do verão em casa. Achava que era um forma de provar que não iria estar com ninguém. Deixei de ir a shows nacionais que não eram comuns na minha cidade (o primeiro show da Ivete em carreira solo, eu poderia ter ido e não fui). Emagreci 10 quilos porque não comia direito. Eu já era magro, fiquei ainda mais. Ouvia músicas depressivas. Fazia faxina na casa, chorava e me sentia um lixo. E foi nesse contexto que surgiu o meu primeiro vício: o "disque-amizade". Era um serviço telefônico em que as pessoas ligavam para um número e caíam numa linha com outra pessoa. E se rolasse o papo sei lá provavelmente isso levaria a um encontro. Era uma espécie de chat, só que telefônico. Fato é que eu jamais sairia com alguém por ali. Tudo acabava ficando no virtual mesmo. No áudio. Na voz. O detalhe é que eu não fui atrás de meninas, mas de meninos. E naquele caso, a maioria era tudo adulto. Eu tinha 15 anos e falava com muitos homens mais velhos que por experientes, falavam coisas que me deixavam doido. Eu ouvia eles, me masturbava e... culpa! Frustração. Eu me punia primeiro porque achava que não podia ser gay. Lembram? Eu não aceitava em nenhuma hipótese que eu devesse ter atração por homens. E me punia também, me sentia frustrado porque a menina que eu amava não me queria e eu tinha que me contentar com homens num disque-amizade. Eu não queria outras meninas, queria R. E se não fosse R. eu preferia morrer na solidão. Ou me punir, falando com outros homens. E para completar o pacote, de certa forma eu estava fugindo do meu compromisso, da prova de que estava me comportando. Eu era muuuuito dramático desde aquele tempo. Eu sofria pesadamente. Meu pai debochava sa minha cara. Ele não se conformava que eu sofria tanto por uma menina sendo que tinha zilhares. Não levava muito a sério e achava que era coisa de adolescente e que passaria. Minha mãe já era mais amorosa. Mas às vezes brigava comigo por desespero e me ver daquele jeito. Meus irmãos eu não lembro direito como regiam. Eu me sentia um fracasso e ao mesmo tempo cheio de dúvidas, frustrações e sem a menina que eu tanto amava. O disque-amizade passou a ser utilizado com muita frequência. Tanto que em alguns momentos eu tinha que fazer alguma ligação e digitava o número do serviço e não de onde eu tinha para ligar. Virou um hábito... Acabou o verão de 1998 e ela retornou da casa de praia e eu não sei exatamente como, mas a gente acabou reatando. Mas vagamente eu consigo me lembrar que ela estava convencida de que eu havia mudado. E que conseguira provar isso. E dali em diante não nos desgrudamos mais. Com uma mudança importante: ela sentia ciúmes fora do normal. Eu tinha que andar mais do que na linha. Ela me cercava. Às vezes era abusivo o cerco. Eu praticamente não falava mais com minhas amigas com quem ela não se dava, pois fui descobrir mais tarde que elas inclusive a ameaçavam. Acusavam-na de ter me roubado delas!! É mole? Eu seria "propriedade" da turma e não poderia ser de uma menina de outra turma. Eu acho tudo muito engraçado hoje. E ela como era orgulhosa só me contou depois que estávamos casados. Disse que era as meninas diziam para ela tomar cuidado. Até fisicamente chegaram a a ameaçá-la. A reação dela era me cercar, e eu acabava ficando muito triste e deprimido. Eu só queria ter uma vida normal. Falar com as pessoas. Eu realmente não tinha interesse nenhum em ficar com outra menina. Mas queria ter amigas, sem peso. Brigamos algumas vezes por isso. Eu sofri muito, mas sempre voltava atrás e dava razão a ela. Afinal, eu tinha feito ela perder a confiança em mim no ano anterior. E especialmente nesses momentos de tristeza eu tinha um aliado: o disque-amizade. Que nunca cessou. Pelo contrário, às vezes acordava cedo e já armava para antes de ir para escola dar uma ligadinha. Fazia minha família descer pro carro e inventava uma dor de barriga. Todos me esperando e eu no disque-amizade. Els ficavam putos pela demora e eu ainda brigava dizendo que não tinha culpa de ter tido dor de barriga. Eu estava mentindo para toda a minha família. E pior: fazendo-os esperar no carro! É claro que eu me sentia culpado com aquilo. Eu  me sentia mal, péssimo, mas não conseguia evitar. Neste ano também uma coisa foi bem marcante: comecei a fazer natação num clube perto de casa. E no vestiário via meninos como eu ou um pouco mais velhos nus. Eu amava aquilo. Tinha um que eu achava maravilhoso e sempre tentava sair no mesmo horário para vê-lo se trocar. Chegava em casa e ia direto para o banheiro. Ligava para R. e depois às vezes ia para o disque-amizade.  O ano de 1998 passou praticamente desse jeito: meu namoro a todo o vapor, desejo reprimidos e um vício em disque-amizade. Só que um acontecimento marcou este ano: a chegada do primeiro computador lá em casa e com ele a internet! Se não me falha a memória foi do meio para o final deste ano... algo assim. Eu continuo da próxima vez que voltar a escrever....

Segunda Parte: Como está R_Dune hoje
Como já adiantei estou me sentido muito triste. muito mesmo. A dor é imensa. Eu sinto um pouco de dor física no peito também. Eu realmente estou sofrendo. Devastado. Troquei e-mails com meu amor ontem, mas compreensivelmente ele está magoado e destruído com tudo. Eu queria muito que ele não estivesse sentindo isso. Isso me dói ainda mais: saber que causei essa dor nele. Quanto ao vício, nenhuma vontade de nada. Mesmo. Nada! Eu não sei se tudo o que aconteceu está - na dor - me ajudando. Se eu tive um choque. Se a chave virou em função desse trauma. Eu não sei, mas não sinto absolutamente nenhuma vontade. É cedo, eu sei. É o terceiro dia ainda. Mas eu sei que eu vou conseguir. Essa é a única coisa que parece que dará certo para mim. Apenas queria meu amor comigo. Só isso. Desculpem a melancolia. Estou indo para a reunião do D.A.S.A agora, estou 15 minutos atrasado. Um abraço e obrigado pelo espaço.


Última edição por R_Dune em 28/12/2022, 15:36, editado 2 vez(es)
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28/12/2022, 09:00
Olá amigo, surreal como foi parecido com oq aconteceu comigo quando tu dizia sobre o seu primeiro beijo. Só acho que no meu caso tiveram mais pessoas ao redor kk mas vendo tu falar e lembrando disso, a gente consegue ver como a gente era bobo kk Não só por isso, mas também com coisas que dávamos muito mais peso do que deveria (a adolescência é a época que mais precisamos socializar e experimentar coisas - ao contrário disso foi onde a maioria das pessoas foram parar nesse vício). Parece que qualquer coisa errada que fazíamos o mundo acabaria. Mas uma coisa a refletir sobre isso é que talvez antes tínhamos muito mais atitudes do que hoje, talvez o medo de (achar) ser a única pessoa que nunca beijou fez com que tomássemos tal atitude, por um lado é bom, se a gente pensar que estamos num navio afundado e que quase todo mundo está pulando fora dele, fará com que não ficamos parado sem fazer nada. Tome o seu tempo para processar tudo isso que está passando, mas fazer a diferença será essencial para os caminhos que tu irá seguir. Tome muito cuidado com as armadilhas pois em pouco tempo sua frustação pode tornar gatilho para voltar ao vício, e se você não se lembrar que é ele que faz você buscar por tais caminhos, pode se esquecer que é ele o principal problema causador de tudo isso. Bora pra frente abçs.

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28/12/2022, 09:23
Achei engraçado que você com 26 anos tenha notado semelhança a coisas e comportamentos que eu vivi já que tenho 40 já. Lembra aquela música "Como nossos pais": Obrigado por ler e compartilhar comigo a sua experiência também. Vamos ficar longe dessa coisa toda sim! Três dias são pouco, mas eu já me sinto mais limpo, mais leve nesse sentido. Triste pelas consequências, mas com esperança de viver melhor.

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Diário do R_Dune Empty Quarto Capítulo

28/12/2022, 11:42
Voltei aqui. Saí da reunião do D.A.S.A agora há pouquinho e senti muita vontade de voltar a escrever. Ouvi dois depoimentos de duas pessoas que participaram pela primeira vez. Dois rapazes, sendo um casado com mulher e que também foi pego, numa história muito semelhante a minha. A diferença é que ele já havia admitido o vício para a mulher, prometeu não fazer mais, mas foi pego de novo. Ele não conseguiu porque não buscou ajuda, tentou parar por conta própria. E aí prometeu procurar ajuda e felizmente cumpriu. E o bom é que ele tinha 26 anos. Conseguiu perceber isso cedo. Nada como a informação. Como ela é importante. Como um espaço como esse é importante... Vou continuar a história...

Primeira parte: Minha história
...A internet foi realmente um acontecimento. Era terrível por ser discada no começo, mas a gente se divertia. Um mundo novo, uma linguagem nova e a transição de um mundo predominantemente analógico para um mundo digital, inclusive no que diz respeito a sexo e pornografia! Como eu não tinha controle sobre a internet n sabia como funcionava, mas sabia que havia um histórico de acessos, por exemplo, nunca busquei páginas do tipo para ver. Mas foi no computador, por meio de um vídeo no CD-ROM que assisti a um dos primeiros - ou talvez o primeiro vídeo de sexo gay. Eu chegava a tremer com a possibilidade de alguém descobrir. Ele estava lá em casa porque alguém tinha dado de presente de sacanagem para meu irmão ou pai se não me engano. Fiquei mega excitado. E um dia não me aguentei e tomei coragem para buscar outros vídeos na internet. Descobri que dava para apagar o histórico, mas não sabia como. Mas eu pensei que fuçando eu iria descobrir. Mas não consegui. Lembro de ligar apavorado para o serviço de internet que tínhamos - que se chamava Matrix na época - e perguntando para o atendente como fazia para apagar o histórico. Ele me explicou e eu me livrei daquilo. Ufa! Na época os vídeos eram super curtos. Acho que não havia  espaço para vídeos longos e a maioria eram apenas traillers de vídeos pagos, trechos de filmes eróticos gay. E eu não curtia muito filmes, gostava mais da coisa caseira, menos planejada. Enfim. Acho que me aproximava mais da realidade. Só que esse tipo era praticamente inexistente. Além dos vídeos tinha também os chats. Em especial o MiRc. Sala de bate papo por temas. E obviamente que tinha a sala Gay. E salas por regiões enfim. Eu entrava nelas e interagia com um monte de gente. Conversava. Me masturbava, enfim. Uma coisa que também admito que fiz, foi me passar por outras pessoas e conversar com caras heteros que eu conhecia da escola e que me atraíam. Me fazia passar por menina para ver o que eles diziam. Como eram todos muito desconfiados, nunca rolou de trocar confidências eróticas e tals, porque muitos tinham apelidos fixos que permitiam ser reconhecidos pelos amigos. Era assim que funcionava na época. Por exemplo @R_Dune era o apelido de R. Quem queria falar comigo entrava nas salas que eu costumava frequentar, geralmente as do colégio. Para facilitar. Enfim. Uma vez aconteceu algo que me apavorou. Fui inventar de trocar o telefone com um menino para que a gente falasse ao telefone. Na verdade ele me deu para que eu ligasse, pois assim não teria meu número identificado. Mas acontece que liguei no celular, pois a maioria dos celulares não identificava a chamada ainda. Pasmem. O fato é que o desse rapaz tinha, e eu descobri porque ele ligou uma vez e quem atendeu foi meu irmão mais novo. O cara foi discreto, mas falou que tínhamos nos conhecido no MIRC. Meu irmão ou se fez de bobo ou não imaginou que era com outras intenções. Afinal, eu namorava a R. e era perdidamente apaixonado por ela. E como era! O fato é que eu consegui conversar com ele pelo MIRC e implorei que não me ligasse. Ele disse que não queria meu mal, que podia confiar, mas eu em pânico disse por favor não me ligue. E ele não ligou mais. Me afastei um pouco disso por medo. Em paralelo o disque-amizade continuava, afinal éramos em 3 irmãos e uma irmã/prima para dividir um PC. E a coisa estava tão louca que por uma ação judicial obrigaram a operadora de telefone a abrir de forma detalhada os gastos com disque-amizade no telefone. Antes vinha apenas um valor total que por vezes passava desapercebida de todos. O que acontece é que quando veio detalhado, chegou a ter umas três folhas frente e verso de ligações ao disque-amizade. minha mãe quando viu quis começar a fazer um bafafá e antes que a notícia se espalhasse eu admiti que foi eu , mas para ela não falar para ninguém porque eu namorava e prometi que não faria de novo. Ela não gostou, mas prometeu que guardaria segredo. Ufa. Escapei de novo. Mas como a vontade e o vício não somem, eu busquei alternativas... Comecei a usar os orelhões (telefones públicos) na rua para fazer as ligações. Gastei muito dinheiro com cartão telefônico fazendo ligações. E o mais importante: gastei tempo da minha vida. Inventei mentiras do porque demorava tanto para ir no supermercado, na padaria, cortar o cabelo ou fazer qualquer coisa na rua. Sim, eu estava no disque-amizade. No ano, seguinte, 1999, as coisas meio que permaneceram assim. Internet evoluindo e disque-amizade na rua. A culpa sempre me consumindo. Eu me sentia um lixo pelo tempo que perdia e pelas mentiras que tinha que contar para fazer aquilo. E o que eu ganhava? Nada. Só tristeza. Muita tristeza. Mas talvez fosse a forma que eu encontrava para extravasar meu lado gay que eu não podia pôr em prática. Ao mesmo tempo, eu tinha uma vida com minha namorada. Ah importante. Talvez muitos devam estar se perguntando? E sexo com a namorada? Gente, eu queria muito, fazia investidas, mas... não rolava porque ela não se sentia preparada. Eu tinha 17 anos e ainda era virgem! Imaginem o turbilhão! Os hormônios! As dúvidas, tudo misturado! Era uma panela de pressão que cada vez mais esquentava...Esse também era um ano importante: o ano em que faria vestibular! Então era mais uma pressão porque meu pai disse que não iria pagar universidade particular. De fato, ele não tinha condições. Ele até pagaria que eu sei, mas já meteu essa pressão, já que sempre estudamos em escola particular, ainda que com bolsa, mas com um custo: ele sempre ia se humilhar para a diretora do colégio para pedir a bolsa! Veio 2000, o mundo não acabou e tão pouco meu vício. As coisas permaneceram assim. Internet evoluindo, vídeos, MIRC, disque-amizade, mentiras, frustração, vontade louca de transar com R., pressão para passar no vestibular, já que não fora aprovado no ano anterior. Estava fazendo cursinho pré-vestibular! Também foi nessa época que minha mãe estava em pleno auge de sua compulsão por compras. Meu pai viajava muito e eu que tomava conta das contas. Tinha que controlar as despesas e o acesso de minha mãe ao dinheiro, pois ela n tinha controle. Me doía minha mãe ter que me pedir dinheiro. Era a doença dela. Eu não entendia direito, mas sempre tentei compreender. Meu pai e meu irmão mais velho não entendia, e a culpavam. Ela se vitimizava. era um inferno. Era uma carga de coisas para carregar, mas aparentemente eu achava que dava conta de tudo. Mas muito tempo depois eu percebi o quanto eu sofri nessa época. Eu era bem bonzinho, tranquilo como já disse antes. Aceitava que tinha que fazer isso pelos meus pais, que tinha que ajudar e pronto. Meu namoro ia muito bem, apesar dos ciúmes de R. que sempre se mantiveram. Cada vez mais se aproximava também do dia em que perderia minha virgindade. Estava com 18 anos... E eu estava crente que uma vez que eu transasse com R. eu não iria mais querer saber de pornografia e sumiria me atração por meninos. Sei lá porque eu pensava isso. Mas enfim. Era o que eu queria. Porque sentir isso e não dizer, me masturbar pensando em meninos e não dizer eu julgava ser uma traição. Eu me sentia muito culpado, frustrado. Eu rezava muito para ser melhor. Para não mentir mais, para parar com aquilo. Sabia que não era bom, não era certo, mas era incontrolável a vontade quando ela vinha. O ano de 2001 estava próximo, o ano que perdi minha virgindade e que entrei para a faculdade... Continuo em outro momento...

Segunda Parte: Como está R_Dune hoje
Recebi mensagens de amigos do trabalho que sabem que não estou bem. Um deles, meu colega de trabalho, estranhou eu ter postado uma foto com meu ex no instagram e ter tirado e achou que algo estava acontecendo. Disse que independente do que pudesse ter acontecido que me apoiava. Um colega que nunca imaginei. Conheci inclusive a namorada dele no churrasco que fizemos do trabalho. Dois queridos. Sempre foi uma pessoa com quem me dei bem no trabalho, mas não imaginava que receberia o apoio. Gente finíssima. Minhas amigas M. e A. também me ajudam muito. Com A. não tive coragem de me abrir ainda, ou talvez força ou tempo. Não sobre a história do vício. Mas para M. já me abri e ela tem me ajudado muito. Está tentando me encaixar numa terapeuta amiga dela. Estou com muita dificuldade de não chorar. Estou tendo que engolir o choro porque estou com meu filho e dói muito a garganta quando faço isso. Minha voz também está prejudicada. Seja dos gritos de desespero que eu dei no domingo, seja - imagino- por engolir o choro. Tudo muito doído. Que dor terrível. Mas eu sei que vou conseguir sair dessa situação. Eu tenho muito esperança que as coisas melhorem porque eu estou buscando toda ajuda. Estou tentando me fazer menos de vítima para mim mesmo. Eu não sou a maior vítima. Estou tentando agir. Estou tentando fazer alguma coisa para me ajudar a ser melhor para mim mesmo e para as pessoas que eu amo. Quanto ao vício, por ora, zero vontade. Zero necessidade. Bom, falei muito hoje. Vou atender meu filho. Obrigado pelo espaço. Bom dia!

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28/12/2022, 14:22
Olá amigo vejo que tu vivia uma prisão sem grades mesmo. O vício era essa prisão. Mas não importa o tempo que for, tu sempre poderá lutar para sair dessa escravidão e ter de volta a sua liberdade. Tu não ganharia superpoderes, nem irá ganhará quando se libertar. Mas as coisas serão lidadas por você com muito menos peso e medo. Tu não terá aquele sentimento de que poderia ter feito algo a mais ou melhor, como também, sumirá toda essa culpa. Tomando de volta o controle de sua vida. Quanto ao que falou, realmente as coisas acontecem de forma mais parecidas do que achamos. Como tu disse que deixava de fazer coisas para praticar tais vícios. Acho que problemas de socialização em todos aqui foram gerados por conta disso. Bora pra frente abçs.

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28/12/2022, 15:01
Obrigado pelas palavras e apoio Kaneki. De fato era uma prisão de parte de mim. Algo que não me deixava ser eu por completo e que veio se arrastando até hoje comigo. Mas eu vou conseguir. Eu sei que eu vou. Muito obrigado por investir seu tempo me escrevendo. Espero que de alguma forma também esteja te ajudando. Um abraço!

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Diário do R_Dune Empty Quinto Capítulo

28/12/2022, 17:09
Voltei...

Primeira parte: Minha história
...No verão de 2001 eu descobri que fui aprovado em quinto lugar num curso bastante prestigiado do meu estado numa universidade pública, como exigia meu pai. Acabei também sendo aprovado em outro curso em outra universidade também pública. Naquela época era possível fazer os dois cursos em universidades públicas e eu comecei um deles no primeiro semestre. O outro eu iniciaria no próximo. Isso foi motivo de alegria, mas também de mais ciúmes de R. Ela não foi aprovada e morria de ciúmes que eu iria conhecer novas pessoas – o problema era as meninas, óbvio. Ela tentava disfarçar, mas detestava a ideia de me ver “sozinho” na universidade. No fundo acho que nós dois éramos bem dependentes um do outro, embora ela tivesse um ciúme fora do normal e eu não tinha nem espaço para demonstrar o meu já que o dela tomava conta de tudo e ela também não me dava motivos, assim como eu. Mas mesmo assim ela tinha ciúmes! Mas antes de falar sobre a entrada na universidade é importante falar deste verão. O verão que eu perdi a virgindade. Foi na casa de praia dela. Ficamos sozinhos em casa numa tarde quente de verão e rolou! Foi ótimo! Muito bom! Eu e ela queríamos repetir logo a dose. Mas uma das coisas que eu pensei logo em seguida, que veio em minha mente foi: como descobrir se meu desejo por rapazes tinha desaparecido como eu achava que seria quando perdesse a virgindade? (Sim, eu perdi a virgindade aos 18 anos (quase 19) com a menina com quem namorei desde os 14! Foi sexo com amor, com uma pessoa que eu conhecia muito, com quem tinha intimidade, e foi perfeito). Fechado os parênteses, volto à questão que veio à tona: os rapazes continuariam a flertar com meus desejos? A resposta não tardou! Era verão, corpos quase totalmente despidos para um lado e para o outro numa cidade de praia, próximo a uma praia de surfistas... Óbvio que não cessou minha atração. Meus desejos e tudo o mais. E aí de certa forma a alegria e excitação causada pela perda da virgindade, teve também um gosto amargo de frustração por não ter sido capaz de fazer sumir a totalidade da minha orientação sexual. Eu era bi! E isso era ainda um problema para mim. Eu me senti completamente perdido e desamparado, comecei realmente a achar que eu não tinha mais jeito. Mas não aceitava, embora o disque-amizade continuasse a todo o vapor inclusive naquela cidade de praia em que passamos o verão... Findo o verão iniciaram as aulas na faculdade. Pessoas novas, muita expectativa. Fui estudar num curso de uma faculdade bem elitizada. Era quase uma fraternidade. Não lembro de um estudante negro. Se existia eu realmente não consigo me recordar. Tínhamos um único professor negro em 10 fases que o curso tinha. Era o desfile dos filhos da elite do meu estado: brancos, a maioria muito rica (eu era um dos poucos que usava ônibus, pois a maioria tinha ganhado o carro de presente por passar no vestibular) e de muitas famílias tradicionais. Mas muita gente bonita: moças e rapazes lindos. Fiz muitos amigos e amigas, embora escondesse a parte das amigas “com quem quase não falava” eu dizia para R. A verdade é que era amigo de todos e todas. Igualmente. Nesse tempo a internet foi evoluindo, mais material pornográfico na internet. Eu continuava no disque-amizade e isso se tornou um problema, porque explicitou que eu começava a me afastar das pessoas para falar ao telefone. Nos intervalos, muitas vezes eu sumia e ia num telefone público próximo a faculdade para “sentir prazer”. Acabava o intervalo e eu triste, agoniado. Quase sempre não dava em nada as ligações, eu gastava dinheiro com cartão e deixava de socializar com meus amigos. Além disso, em função do ciúme da R. e porque não tínhamos dinheiro disponível não aproveitei muito as festas da faculdade, baladas, etc. Era raro eu ir. A outra faculdade que eu iniciaria, acabei não frequentando. Desisti porque não me identifiquei. No fundo, era uma preocupação a menos, e R. não ficaria me atormentando. Eu sentia falta de ser mais livre, não para trair não, eu simplesmente não pensava nisso. Isso era pecado mortal para mim. Eu só queria poder conversar com quem eu quisesse, ir nos lugares sem ter que dar mil explicações à R. Mas no fim eu sempre tentava entender. Além disso, eu não queria que ela se sentisse sozinha quando não estávamos juntos. Ela não tinha muitos amigos. Sempre fomos muito eu e ela. Quando ela finalmente passou na faculdade, eu fiquei um pouco aliviado! Ela teria os amigos dela também. Quem sabe andaríamos mais juntos com outros amigos, apesar de a faculdade dela ser diferente da minha. De certa forma, aliviou um pouco a pressão sobre mim. Mas não o suficiente. Lá para 2003 resolvi que iria participar do centro acadêmico da minha faculdade. Teria muitas reuniões e tal e R. não gostou nada. Ela então me propôs que eu fosse morar na casa dela, já que praticamente já morava. Dormia mais lá do que em casa mesmo. Só seria oficial . E eu aceitei prontamente. Paralelo a isso, a internet evoluiu muito, vídeos cada vez mais, inclusive os caseiros, mas a maioria ainda curtos e pagos. Eu via principalmente fotos. Criei uma conta fake no Messenger. Que era uma das redes sociais mais populares para troca de mensagens instantâneas na época. Em paralelo havia o Skype, mas eu não usava com este fim. Ia para os chats de bate papo, tipo Uol que já existia na época e ia adicionando os contatos. Muitos. Um monte. Logo, meu arsenal de pornografia incluía: disque-amizade, Messenger, vídeos e fotos! Estava cercado por todos os lados de muita porcaria que de certa forma impediram de eu enxergar muitas coisas que aconteciam a minha volta. Que eu toinha por exemplo que resolver o ciúme de R. Eu procrastinava para não brigar. Não queria me incomodar. Não resolvia com meu pai a questão de eu cuidar sozinho das contas: já era hora de isso se resolver, eu não aguentava mais fazer compras para uma casa em que eu nem mais vivia. Sim, eu fazia as compras. Eu pagava as contas. Minha mãe ainda não podia fazer isso. E a pornografia me distraía, fazia com que de certa forma eu não pensava nas coisas que importavam. Que lá se ia minha juventude. Minha fase de aproveitar bastante a vida, envolto em um mundo secreto, paralelo de mentiras. Um vício que não me trazia nada! Que não contribuía em nada para mim. Apenas culpa, frustração, tristeza e a manutenção de todos os problemas que eu tinha e que eu não resolvia, porque era mais fácil fugir deles. Durante a faculdade em função de tudo, eu cheguei a flertar com F., uma menina que era muito minha amiga. Quase nos beijamos certa vez no meu carro quando fui mostrar um CD que eu tinha. Sempre gostei muito de música. Era o CD da Maria Rita, o primeiro dela. E ela não tinha ouvido ainda, queria mostrar a ela. Nos olhamos, demos as mãos, mas é como se não pudéssemos fazer aquilo. Não podíamos trair a R. que morria de ciúmes de F. por nossa amizade. Elas se conheciam, e acabou não passando de muita vontade mesmo. Logo F. engataria um namoro-relâmpago com G. um dos meus melhores amigos da época da facul e que era de uma cidade do interior do estado. Enfim, eu não traía fisicamente. Mas virtualmente, em pensamentos era diariamente a traição praticamente. E eu sabia disso, e bastava eu saber para sofrer muito. Em alguns momentos sentia raiva de mim, de todo mundo. Mas sempre aguentava firme. Continuava não aceitando a minha “sina” de ser gay. Foi assim que durante a minha faculdade eu vivi. Os mesmos dilemas e dúvidas e culpas e frustrações do menino lá de 12 anos permaneciam presentes, e a pornografia e o vício foram a saída, já que eu não tinha como e com quem resolver. Sim: na primeira metade dos anos 2000, a informação ainda era escassa. Pouco mudou. E eu não tinha interesse em buscar saber porque eu não queria aprender a me aceitar porque essa possibilidade para mim não existia. Eu tinha que dar um jeito, mas sem nenhuma ideia de qual jeito. Aí tudo ficava mais difícil...

Segunda Parte: Como está R_Dune hoje
Estou um pouco apreensivo. Minha amiga M. e minha ex-mulher se uniram e me convenceram a ir para a emergência do psiquiatra. Eu iria só quando voltassem a atender nas clínicas após o Reveillon. Mas acharam que eu tinha que ir. A M. tem guias espirituais que segundo ela disseram que eu deveria ir imediatamente procurar um psiquiatra. Eu relutei um pouco em relação à pressa. Mas acho que já estou adiando há tempos isso. E que talvez tenha chegado a hora. Eu não estou bem. Então me despeço por hoje. Não sei como será e nem sei direito o que vou dizer. Só estive no psiquiatra uma única vez. Mas eu vou. Eu preciso agir. Preciso me ajudar. Eu só irei implorar para que evitem me medicar porque tenho medo de medicação pesada, tarja preta. Eu não gosto. Acho que tenho trauma de quando minha mãe tomava. Os efeitos nela eram terríveis. Mas eu vou. Quero melhorar. Quero ser uma pessoa melhor. Eu vou lá. Se alguém ler, me deseje sorte em pensamento. Eu agradeço mais uma vez o espaço. Um abraço, R_Dune.

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28/12/2022, 20:29
Fui à consulta ao psiquiatra na emergência. Voltei há pouco. Foi bom porque não era um psiquiatra como muita gente diz que quase não fala, só ouve. Iniciei falando que era viciado em pornografia, sexo virtual e que algumas vezes já me levou ao real/casual. Contei sobre o fim do meu relacionamento e o fundo do poço a que cheguei. Disse o quanto eu amava o meu ex-namorado e meu filho, mas o quanto já menti a eles em função desse vício. Eu já tinha chorado muito durante o caminho, então consegui falar com calma e clareza. Falei inclusive dos pensamentos relacionados à morte que me passam quase todo dia pela cabeça, mas que eu conseguia logo tirar por causa do meu filho. Ele me receitou um remédio contra ansiedade e depressão. Disse que deveria continuar no grupo de apoio que estou indo e fez uma requisição para 12 sessões de terapia. Também orientou que eu buscasse apoio de um profissional especialista em dependência, já que ele não era ou que fizesse um acompanhamento. Minha ex-mulher conseguiu um para mim amanhã a tarde. Bom, no caminho voltei chorando horrores de novo. A saudade do amor que eu perdi me sufoca e consome. O medo de perdê-lo e a vergonha impediu talvez que eu próprio me desse conta que eu estava sim viciado e dependente. O vício em pornografia é algo que destrói a nossa vida. Temos que buscar ajuda. Temos que falar sobre. E temos que ser fortes para resistir. Esse terceiro dia estou conseguindo levar de forma tranquila. Eu não penso em mais nada, a não ser na falta que ele me faz. Obrigado pelo espaço e boa noite a todos e todas, R_Dune.

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Diário do R_Dune Empty Hoje não sei se vou conseguir continuar a história...

29/12/2022, 06:50
Bom dia! Hoje acordei bem triste. Estou sentindo muito a falta dele. Queria muito saber que ele está bem. Queria tanto poder abraçá-lo, cuidar dele. Queria tanto dizer que quero viver com ele, que quero ser feliz com ele, que quero fazê-lo rir com minhas brincadeiras, ver filme muito, mas muito agarrado... Queria fazer qualquer coisa em que ele estivesse junto comigo. 0% pornografia e vício. 0% vontade. 0% dificuldade em me manter longe disso. 1000000...% saudade do meu amor. Estou indo para o 4º dia sem nada do que me trouxe até aqui.

Comecei hoje a tomar um medicamento contra ansiedade e depressão. No final do tarde vou a uma nova consulta. Vou tentar levar meu filho na praia hoje. Aliás, essa tem sido uma tarefa muito difícil. Eu ter que fazer um esforço quase sobrenatural para parecer bem, para que o meu filho não note.

Não sei se conseguirei continuar a minha história hoje. Estou bem sem vontade hoje. Às 8h00, daqui a pouco, tenho mais uma sessão do D.A.S.A. Conforme for eu volto por aqui hoje.

Seguimos. Obrigado por este espaço.

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29/12/2022, 09:46
Olá amigo, faça coisas que você gosta. Talvez ir a praia o ajude a esquecer um pouco isso tudo. Em paralelo, aos poucos tente ir retornando a sua rotina, pois você está pensando muito nisso. Acho importante você manter as atividades de religação, pois quando diminuir essa intensidade de pensamentos sobre isso, questões sobre o vício pode retornar sobre a sua mente, então é bom estar preparado para isso. Não se esqueça do lado negativo dele. Ah, legal você ter pessoas que se importam contigo. Quando estamos viciados não enxergamos isso, mantenha o foco nas coisas, não recuse convites e ajuda. Como mesmo você disse, você já faz a isso muito tempo. Ir na contramão do vício é o mais importante agora bora pra frente abçs.

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29/12/2022, 09:54
Obrigado amigo! Vou me esforçar para fazer as coisas. Valeu mesmo!!

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30/12/2022, 13:27
Oi gente. Continuo sem animação para continuar minha história então só vou falar sobre como me sinto. Ontem acabei não frequentando o D.A.S.A. Consegui convencer meu filho a ir à praia (ele estava relutando muito) e para que ele não desistisse eu fui. Não estava bom: 2h na fila, quando chegamos a praia estava com pouca faixa de areia em função da maré alta, enfim. No retorno (fomos juntos com meu pai e irmão mais novo) foi me batendo uma tristeza terrível. Eu não paro de pensar nele. A pessoa que eu mais amo e a quem eu perdi. Cheguei em casa e uma hora depois estava em mais uma consulta com outro psiquiatra. O primeiro que fui era de emergência, então precisava arranjar um que começasse a me acompanhar. Expus tudo. Eu gostei mais porque ele tentou me consolar, pediu que não me culpasse tanto e que o tempo iria resolver as coisas. Todo mundo fala isso. O problema é que o tempo - nesse momento - demora muito para passar. Cada segundo é uma eternidade. Mas a consulta foi boa, o médico me passou um outro medicamento para fazer efeito mais rápido. Então estou com dois medicamentos no momento. Ainda não sinto que tenha surtido efeito, mas acho que não é imediato... Fui dormir cedo ontem, por volta das 22h00. Estava com frio e dor de cabeça. Hoje acordei melancólico. Às 8h00 estava participando de mais uma reunião do D.A.S.A. Eu estou chegando ao 5º dia sem qualquer pornografia e a vontade também é zero. Continuo não sentindo falta. Ainda acho que aquilo que eu vivi no Domingo de Natal mexeu comigo profundamente. Eu realmente pareço ter levado uma sacudida. Eu saí um pouco antes da reunião encerrar, por volta das 10h00 e resolvi que hoje faria uma faxina. E fiz. Foi uma forma que encontrei para me distrair. Está um dia lindo lá fora, um Sol lindo, mas não me sinto disposto a ir para a rua. A verdade é que eu não consigo parar de pensar no D. , meu amor. Agradeço o espaço. Até breve.
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30/12/2022, 18:21
Então...fiz um esforço e fui pra rua sozinho pela primeira vez depois do ocorrido. Digo "pra rua" sem ser supermercado, farmácia, médico. E digo "sozinho", porque saí com meu filho durante a semana, e levei ele à praia dois dias. Levei ele pra tomar banho de piscina no clube em outro. Peguei o ônibus fui até o centro da cidade e resolvi ir até o shopping ver qualquer filme no cinema. Cheguei lá: tinha Avatar, A Saga Crepúsculo e um de terror. Mas todas as próximas sessões demorariam muito tempo pra começar, a única disponível era em 3D e eu detesto. Pensei em ir até o outro shopping que fica perto da casa de D., mas achei melhor não, no fundo eu estava era louco para encontrá-lo, que ele estivesse por algum motivo no shopping, sei lá. E eu preciso respeitar a distância que ele me pediu. Voltei e sentei na beira do mar e fiquei olhando o mar, as ondas, os raios do Sol refletindo no mar, os pássaros. Estava com meu fone de ouvido... Fiquei uma meia hora mais ou menos ali de pernas cruzadas. Mas D. não saía de minha cabeça. Em nenhum momento a coisa da pornografia, de sexo virtual... me veio na cabeça, nada. Levantei e caminhei um pouco até uma barraca de caldo de cana. Tomei um bem gelado e voltei para casa. Obrigado pelo espaço, rumo ao 6º dia.

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