Diário da mudança, primeira vez com bloqueadores.

Assim como muitos no fórum meu contato com a pornografia começou ainda na adolescência, por volta dos 14 anos de idade. Atualmente tenho 27, me considero bi, e de lá para cá consumi majoritariamente conteúdo  com trans e travestis. Meu vício chegou a tal ponto que em momentos que ficava mais ansioso me masturbava até cinco vezes ao dia. Não era normal!  Nunca fui de consumir muito conteúdo visual, acabava mais lendo contos eróticos mas sinto que o efeito é semelhante. Quando tentava transar com minha ex-namorada eu brochava e para conseguir ter uma ereção tinha que imaginar os contos. Tentei ter relações sexuais com trans e também brochei, para me excitar tinha que imaginar os mesmos contos que lia, o que não faz o menor sentido.
Fui um adolescente tímido e mesmo me atraindo por mulheres nunca tive coragem de "chegar", então acabava recorrendo à masturbação e isso me colocou no atual buraco onde está minha vida, incapaz de manter uma relação saudável com outra pessoa e com medo de sair com uma mulher novamente e brochar, já que não sinto prazer com pessoas reais.
Apesar de já ter ouvido falar do reset em outros lugares na internet, nunca consegui ficar os 90 dias sem P ou M,  encontrei esse site e vi muitos de vocês falando bem do uso de bloqueadores e resolvi tentar.

Correção: No último parágrafo escrevi "reset" ao invés de "reboot".

É mais difícil do que pensei. Ainda é o primeiro dia e a vontade de M está enorme. Meu cérebro já começou a confabular desculpas para que eu ceda.

Meu amigo, eu não entendi bem se você se considera bissexual porque chegou nessa conclusão sozinho, ou você tomou esse juízo a partir da escalada nos gêneros da pornografia. Não ficou muito claro pra mim. Dito isso, você tem nosso apoio e estamos juntos, leia o meu diário e de outros, vamos interagir, estamos todos juntos na mesma missão.

No começo é mais difícil amigo, com o passar dos dias vai ficando mais fácil. Porém, em alguns momentos terá picos de ansiedade e físsura, por isso é importante identificar os gatilhos e criar estratégias para não recair.

Torcendo por você.

Marcelus1000 escreveu:Meu amigo, eu não entendi bem se você se considera bissexual porque chegou nessa conclusão sozinho, ou você tomou esse juízo a partir da escalada nos gêneros da pornografia. Não ficou muito claro pra mim. Dito isso, você tem nosso apoio e estamos juntos, leia o meu diário e de outros, vamos interagir, estamos todos juntos na mesma missão.

Um pouco de ambos, não sei ao certo pois estou confuso. Após consumir por muito tempo P de trans acabei me aventurando com travestis e gays afeminados (mas nunca cheguei a transar de fato, pois sempre brochava), por isso me considero bi. Mas essas relações foram marcadas por arrependimento e um certo "desconforto sensorial" por conta do cheiro, textura da pele etc, o que não tive quando beijei mulheres.  Entretanto não consigo mais sentir tesão em mulheres cis, enquanto sinto por trans quando as vejo, mas é só conversar um pouco e beijar que o desconforto vem e o tesão passa.

Em outras palavras, no fim das contas não consigo me relacionar sexualmente com nenhuma pessoa real.

Parte da dúvida é porque quando era mais novo costumava ter fantasias eróticas com mulheres com mais frequência, sempre me imaginava beijando uma ou outra coloca de classe ou alguma famosa, o que não tem acontecido mais. Espero entender melhor quem sou após o Reboot.

Obrigado pelo apoio, amigo. Em breve lerei seu diário.

Gladiador de Fé escreveu:No começo é mais difícil amigo, com o passar dos dias vai ficando mais fácil. Porém, em alguns momentos terá picos de ansiedade e físsura, por isso é importante identificar os gatilhos e criar estratégias para não recair.

Torcendo por você.

Obrigado pelas palavras. Vou tentar seguir mais a risca uma rotina de treino e estudos que estou procrastinando há meses. Acredito que vá ajudar. A ansiedade é uma das minhas maiores inimigas, teve fases da vida que estava bastante ansioso e só conseguia dormir após a M, agora que estou evitando sei que será difícil, mas tenho que conseguir.

O primeiro dia foi difícil, antes de dormir e antes de levantar da cama foram momentos complicados, mas deu certo. Assim que percebi que estava cogitando a possibilidade de M, levante, fui tomar café e colocar comida para o cão. Agora vou passear com o bicho e depois irei para a academia.

Você tá administrando bem a abstinência. Você vai perceber que se colocar metas pessoais em vários quesitos você vai dissolver a sensação de abstirncia. Eu tô fazendo isso, se leio um livro, coloco a meta que vou ler tantas páginas, eu bato a meta e sinto boa sensação, ir pra academia, fazer um hobby. Tô conseguindo dissolver a abstinência assim.

Bom dia a todos, ontem o segundo dia foi vencido, vamos agora para o terceiro. Foi difícil, consegui ir a academia mas não rendi nada no trabalho e não estudei pro concurso que farei em maio. Pensamentos sobre DE ecoam em minha mente, mas estou lindo melhor com eles, pensamentos no fim são apenas pensamentos.
Ter rendido pouco no trabalho acabou gerando um efeito dominó, pois dormi muito mal de ontem para hoje, me sentindo culpado por ter trabalhado pouco e acumulado serviço, o que me fez ficar ansioso e um tanto estressado. Quando acontecia isso acabava recorrendo a M como forma de alívio para tentar dormir melhor, agora vejo com mais clareza que ela tinha parte significativa da culpa.
Vou passear com o cachorro e tentar adiantar o serviço, assim consigo finalizar tudo e ir na academia na parte da tarde/noite.

Marcelus1000 escreveu:Você tá administrando bem a abstinência. Você vai perceber que se colocar metas pessoais em vários quesitos você vai dissolver a sensação de abstirncia. Eu tô fazendo isso, se leio um livro, coloco a meta que vou ler tantas páginas, eu bato a meta e sinto boa sensação, ir pra academia, fazer um hobby. Tô conseguindo dissolver a abstinência assim.

Muito obrigado pelas dicas, farei isso. Faz meses que não leio um livro, vou tentar ler ao menos umas 10 páginas para começar.

Búfalo, parabéns pela iniciativa!

Me identifico em parte com sua história, por um tempo já achei que era gay, ou achei que era bi... Hoje em dia eu não me importo muito com isso, estou dentro de um relacionamento e é isso que importa, caso eu me descubra no futuro, não tem nenhum problema.

Atualmente tenho D.E (disfunção eretil ou brochar) nas relações com minha namorada, em algums momentos que ela está tentando fazer eu ter uma nova eração, acontecem alguns flashs de cenas que constumo ver na P, mas eu sempre tento relaxar, fechar os olhos e tentar estar presente no momento ali, me concentro nos sentidos, o que estou ouvindo, vendo, tocando (referente ao corpo de minha mulher), mas tem sido um processo difícil também, ser sincero com minha parceira me ajudou bastante a isso, ela é bem paciente.

Não sei se você conhece o termo "Falocentrismo", vale a pena pesquisa, comento um pouco sobre isso e outras falsas verdades que aprendemos no meu diário. O que me ajuda quando eu tenho uma D.E é pensar que o sexo não é somente sobre meu pênis, mas, novamente estou na luta contra você, desenvolver essa mentalidade é algo a longo prazo.

Espero ter ajudado.

Novamente, parabéns por ser sincero consigo mesmo e procurar ajuda! Isso requer muita coragem!

p.san escreveu:Búfalo, parabéns pela iniciativa!

Me identifico em parte com sua história, por um tempo já achei que era gay, ou achei que era bi... Hoje em dia eu não me importo muito com isso, estou dentro de um relacionamento e é isso que importa, caso eu me descubra no futuro, não tem nenhum problema.

Atualmente tenho D.E (disfunção eretil ou brochar) nas relações com minha namorada, em algums momentos que ela está tentando fazer eu ter uma nova eração, acontecem alguns flashs de cenas que constumo ver na P, mas eu sempre tento relaxar, fechar os olhos e tentar estar presente no momento ali, me concentro nos sentidos, o que estou ouvindo, vendo, tocando (referente ao corpo de minha mulher), mas tem sido um processo difícil também, ser sincero com minha parceira me ajudou bastante a isso, ela é bem paciente.

Não sei se você conhece o termo "Falocentrismo", vale a pena pesquisa, comento um pouco sobre isso e outras falsas verdades que aprendemos no meu diário. O que me ajuda quando eu tenho uma D.E é pensar que o sexo não é somente sobre meu pênis, mas, novamente estou na luta contra você, desenvolver essa mentalidade é algo a longo prazo.

Espero ter ajudado.

Novamente, parabéns por ser sincero consigo mesmo e procurar ajuda! Isso requer muita coragem!

P.san, muito obrigado por sua mensagem, o dia estava bastante turbulento e ela ajudou.

Conheço o termo falocentrismo e, coincidentemente, na minha última sessão de terapia minha psicóloga comentou algo parecido com o que você disse: Que preciso repensar minha concepção de que sexo é só sobre meu pênis ereto e penetração.
Na mesma sessão ela me fez perceber o óbvio, que com medo da D.E. eu sempre adotava comportamentos de esquiva para evitar situações que pudessem terminar em sexo. Inventava que tinha um trabalho para fazer, que não podia transar pq estava pagando promessa, de que não podia levar a menina pra casa pq estava uma bagunça, etc. Hoje vejo que isso só reforçou meu medo da relação sexual e aumentou minha ansiedade.

Gostaria de dizer que você deu um passo muito importante conversando sobre a situação com sua parceira, lendo outros diários no fórum e também com base na minha experiência percebo que muitos aqui tem problema com a intimidade no geral e em compartilhar fragilidades com os outros, o que muitas vezes apenas nos prejudica.

Desejo um excelente dia para você.

Indo para o quarto dia e está mais custoso do que imaginei, mas faz parte do processo e não irei desistir.

Hoje percebo o quanto a P e a M roubaram uma parte de minha vida. Esqueci o nome de quem relatou no diário algo do tipo:


Meus amigos comentaram que me conhecem mas não sabem nada da minha vida.


E isso é totalmente válido para mim. Parecia que até então tinha duas personalidades e não via problema nenhum nisso. Duas consciências abrigadas no mesmo corpo sem uma se dar verdadeiramente conta da outra. De um lado quem sou, do que gosto e o que amo. Do outro  uma pessoa que só se masturbava e com isso não via necessidade de se relacionar sexual e afetivamente com pessoas reais. Era irônico, mesmo me divertindo em festas e saindo com mulheres eu não tinha vontade de fazer sexo e, quando elas tomavam iniciativa, eu tinha medo - por não me sentir preparado, atraído ou experiente o bastante -, mas não percebia que parte desse medo foi causado pelo meu vício, que retirou minha libido e a projetou para figuras irreais.

Então subitamente o muro que dividia as duas personalidades se quebrou e precisei encarar o abismo que guardava dentro de mim, perceber meu vício em um tipo de conteúdo erótico que me tornou incapaz de sentir atração e aproveitar relações reais.

Mas o processo é doloroso e o cérebro prega peças.

Desde segunda tenho me recordado de diversos materiais que consumi, de perfis e pessoas que até então não lembrava. Relatei aqui que já cheguei a sair com trans, pois então: Uma das primeiras coisas que meu cérebro lembrou não foi da vez que saí com uma, mas das fotos que trocávamos. Em outras palavras, minha mente associava o prazer as imagens e não a pessoa/relação real. Mesma coisa com minha ex (mulher cis).

Uma ou outra coisa  atormenta minha mente mas em outro momento relatarei aqui. Trabalhei muito, dormi pouco e estou bastante cansado no momento.

De toda forma irei continuar sem P e sem M, pois a outra opção é pior que a derrota. Se cairmos, levantemos.

Grande Bufalo.

Eu acredito que esse nervosismo também possa acontecer por conta de uma perfomance que inexistente que a P vende. Pensamos que a vida real é assim e que precisamos performar da mesma forma, do outra lado somos inexperientes e ficamos nervoso. A cultura machista também impõe certa atuação "alfa" dos homens. Acho que nesses momentos é interessante ser sincero com a parceira, "não sou tão experiente assim, tenha paciência comigo". É só nos permitimos que vamos nos conhecer.

Sobre parecer não se conhecer. Eu também me sinto assim. Comecei ver P com 10 anos de idade, hoje tenho 25. São malditos 15 anos.... E é foda sentir que não nos conhecemos sem a P fora de nossa vida.

Abraço!

Mais um dia se passando. Até o momento não recorri a P ou a M e tenho constantemente evitado conteúdos eróticos, embora acabe vendo alguns de relance - não intencional - pela internet.

Tenho pensado em recorrer à M, sem P ou qualquer conteúdo externo, pois comecei a sentir um leve incômodo nos testículos.

Ontem não consegui finalizar meu treino na academia por conta do trabalho, surgiu uma urgência e só pude realizar dois exercícios. A noite encontrei com uns amigos meus e tomei duas cervejas de 350  mL, o que sinto  que foi proveitoso, pq sair e socializar me ajuda a reduzir a ansiedade, mesmo que não goste tanto de sair com esses amigos em específico e tenha uma certa "preguiça" da companhia deles.

Novamente dormi mal. Ironicamente, após parar com o vício tenho ficado mais tempo no celular, principalmente a noite na cama antes de dormir, o que fode meu sono.  Tudo dando certo esse final de semana acerto meu sono.

Do ponto de vista dos gatilhos a situação está interessante.

1) Estou com o olhar mais lascivo para mulheres na rua, embora não esteja sentido propriamente tesão. Pensei até em evitar o olhar, mas como meu problema em específico não é com a P explícita em si, mas sim com conteúdo erótico, concluí que não tenho motivo para ter vergonha e evitar estimulação visual com pessoas reais. Apenas para deixar claro: Não fico encarando ou "secando" as mulheres na rua, apenas não me culpo por achar uma outra atraente ou sensual.

2) Ontem a noite estive conversando com uma amiga pelo whatsapp e ela mandou foto com um amigo dragqueen por quem já fui atraído - mas somente online pq nunca nos vimos ou encontramos - e não senti absolutamente nada. No caso ele estava desmontado (usava roupas masculinas),  mas continua sendo curioso pq nos últimos meses estava tão viciado que a mera possibilidade de alguém ser drag ou CD já era capaz de me deixar excitado, ainda que a pessoa não estivesse com as roupas femininas.

Apesar de não ter sentido tesão tomei cuidado para não me testar e ceder a compulsão de ficar observando ele na foto ou procurar fotos dele montada.


Fiz esta digressão para narrar o que aconteceu, pois o que quero é me livrar primeiramente do vício, não reafirmar uma heterossexualidade.

Encerrei o expediente e MEU DEUS. A vontade de M e consumir P está altíssima. Vou a academia agora e sair de casa a noite para gastar energia. Se ficar aqui sem fazer nada irei recair.

Bom dia a todos. Felizmente o plano deu certo! Fui a academia, treinei peito e encontrei uns colegas a noite. Assim não cedi à M e a P. O incômodo nos testículos passou. O Objetivo agora é ficar ao menos até semana que vem sem resetar.

Búfalo escreveu:Bom dia a todos. Felizmente o plano deu certo! Fui a academia, treinei peito e encontrei uns colegas a noite. Assim não cedi à M e a P. O incômodo nos testículos passou. O Objetivo agora é ficar ao menos até semana que vem sem resetar.

Tenta não sai da rotina, pelo menos no início. Vai dar tudo certo, vamos conseguir !

Acabei falhando ontem. A ansiedade falou mais alto, fiquei com medo de não me masturbar durante muito tempo e acabar tendo uma complicação fisiológica por conta disso - mas foi minha mente me sabotando, sou neurado com alguns problemas de saúde no geral - e recorri à M. Mas não consumi P ou qualquer conteúdo erótico, foi na base da imaginação e tentava me lembrar das sensações que tive quando me relacionei com pessoas de verdade. Foi estranho, não cheguei a ficar completamente ereto mas gozei. O incômodo que havia sentido uns dias antes - passado e voltado - foi embora de vez. De toda forma pretendo continuar sem consumir P (e conteúdo erótico como um todo) e evitar a M.


Sobre não ter ficado completamente ereto: Ansiedade + consequências da P. Sempre me masturbava lendo contos eróticos e com fotos.

Olá amigo, tente fechar mais as brechas agora e não ficar muito sozinho. Isso é uma ilusão que o nosso cérebro cria, mas mantenha esse foco de não buscar p; bora pra frente abçs.

Acordei mais tranquilo hoje, mas ainda sinto no fundo aquela ansiedade e medo de falhar (em tudo).

Mas bem, é inegável que num geral estou melhor e bem menos ansioso, apesar desse sentimento no fundo hoje vou conseguir realizar minhas atividades sem maiores percalços.

Búfalo escreveu:Acordei mais tranquilo hoje, mas ainda sinto no fundo aquela ansiedade e medo de falhar (em tudo).

Mas bem, é inegável que num geral estou melhor e bem menos ansioso, apesar desse sentimento no fundo hoje vou conseguir realizar minhas atividades sem maiores percalços.  

Você vai conseguir mano, aprenda com os erros, faça o reboot ser o foco central da sua vida! Estou na sua torcida cara! Tmj

Força, Bufálo!

Falhar no reboot acontece com todos, não desista e continue no foco, lembre-se dos benéficios que teve durante esse periodo sem o uso.

Estarei por aqui te acompanhando.

Abraço!

P.san, Kobe e Kaneki, muito obrigado pelas palavras.

Algumas coisas são engraçadas, minha última mensagem no diário foi dia 27 mas sinto que passei uma eternidade longe daqui. Os dois últimos dias foram bastantes difíceis, senti a tentação de recair várias vezes, mas me mantive firme. Fora isso foi acometido por uma tristeza muito forte e não estava conseguindo render no trabalho. Mas não fui displicente com as obrigações e tentei manter a rotina o máximo possível. Nessa não consegui ir na academia no horário habitual, mas consegui ir de segunda até hoje e os treinos renderam bem.

Acredito que um dos motivos de minha aflição é que uma mulher (trans) me mandou mensagem e bem, não só não estou sentindo atração como também não quero manter diálogo sob medo de recair. Fora isso também tenho estado sem forças para manter conversas online com meus amigos, mas sei que é importante tentar para manter uma conexão.

Amanhã tenho sessão de terapia e acredito que as coisas ficarão melhores. Um abraço a todos.