Diário de Batalha - Beren Erchamion

Enfim, mais uma queda. Não com pornografia propriamente dita, mas isso não alivia o problema. Mantive um perfil fake numa rede social, por meio da qual tinha contato com várias mulheres e mantinha fotos dessas mulheres nesses meus registros da rede social. Minha esposa descobriu tudo e tivemos uma conversa pra colocar um ponto final nisso. Fui bastante franco, expus a ela essa conta e todos os e-mails que uso, repassei absolutamente tudo pra ela e bloqueamos as redes sociais do meu computador. Ela tem me apoiado muito, mas deixou claro que se essa situação não mudar o casamento não pode seguir de forma saudável.

Se eu me vejo como fraco, sempre vou cair. Ela deixou bem explícito que a vida é feita de escolhas, e que nosso pensamento molda nossas ações. Se eu acho que nunca vou conseguir realmente superar isso, então eu realmente vou fracassar, como fracassei ontem, entrando nesses e-mails e perfis fakes.

Resetei o contador pro momento em que tivemos a conversa. Apaguei tudo que pudesse me legar a recair (os chamados gatilhos), me livrei dos meus e-mails (só ela tem acesso agora, e cancelou-os) e redes sociais (estão bloqueadas).

Agora coloquei novos objetivos pro Reboot, com metas mais espaçadas (30, 60 e 90 dias). Eu quero e vou conseguir chegar aos 90 dias e eles serão só o começo. Eu caí mas me levantei, e daqui em diante vou levar o processo a sério. Não posso continuar brincando comigo, com Deus, com minha esposa e com vocês. Tem muitos amigos aqui do fórum que se esforçam e conseguem superar seus limites, ficar com atitudes fracas também é um desrespeito ao esforço de todos os outros.

Acordei muito mais motivado, como se tivesse me desfeito de um peso gigante, um fardo imenso. Estou me sentindo muito mais leve e confiante de que vou permanecer de pé até durante todo o Reboot e pelo resto da vida.

É realmente melhor vencer o vício antes de ter uma companhia, mas também é impossível vencer essa luta sem apoio, seja num relacionamento amoroso ou por meio de familiares, amigos e conhecidos. Então, não se prive de criar relacionamentos saudáveis por conta do problema. É justamente por causa disso que esses laços se tornam ainda mais necessários!

E Deus é realmente muito Misericordioso. Ele tem me dado muito mais do que eu mereço. Sei que, com fé, todos nós podemos vencer. Também vou acompanhar seu diário, meu caro! Obrigado pelas palavras.

vierkenes escreveu:Li seu diário e achei um dos mais inspiradores do fórum. Sinto uma devoção e um comprometimento forte em suas palavras e sua lutra contra a pornografia (pelo amor de sua esposa!) é realmente admirável. Muitas palavras escritas por você me tocaram profundamente e renovaram minhas forças e meu propósito com o reboot.

Tá com a faca e o queijo na mão, é só seguir em frente. Vou acompanhar seu diário.

Boa sorte na caminhada!

Obrigado pela palavra, vierkenes! Eu realmente procuro transmitir meu estado emocional por meio daquilo que escrevo, não pra ser dramático ou "poético" (sou péssimo em poesia), mas pra transmitir a condição humana compartilhada por todos nós. Aqui não há homens de ferro, e ninguém é; somos todos feitos de carne, temos nossas fraquezas e, claro, nosso potencial.

Fico feliz que meus relatos tenham te ajudado de alguma forma, e espero poder auxiliar muita gente nesse percurso. Eu não estou encarando esse processo como algo "meu", individual, mas sim como uma luta que pode inspirar e ajudar muitas outras pessoas. Nenhuma vitória é só nossa.

Agradeço por tudo e saiba que terá um camarada a mais pra acompanhar sua jornada.

Maxtj escreveu:Tirei um tempo agora para ler o seu diário. Que leitura foi essa! Sua batalha está sendo travada a unhas e dentes hein? Isso me serviu de inspiração, acredite. Ainda mais porque sofro do mesmo problema que você, ER. Eu achava o máximo no inicio, me achava forte. Com o tempo foi que eu fui percebendo o quão isso é ruim.

Assim como você, irei buscar ser mais organizado. Consigo fazer isso nos meus estudos acadêmicos, mas em outras áreas não, inclusive teve várias ocasiões em que eu recorri a PMO para poder relaxar e poder estudar com mais concentração. Mas isso não vai mais ocorrer. Ter lido seu relato me ajudou a ver que o reboot não deve ser apenas de pornografia, tem que ser uma mudança de vida. Só que ainda não estou preparado para me abrir com minha esposa. Já fiz ela sofrer demais, não quero fazer ela sofrer mais ainda. Estou fazendo esse reboot muito por causa dela. Mas uma hora eu irei ter coragem suficiente para pedir o apoio dela nessa batalha também.

No mais, irei continuar acompanhando seu diário. Um abraço.
Att,
Max.

Max, isso acontece porque vemos a EP como um problema. Terminar uma relação sexual rápido demais é visto como algo ruim - e realmente pode ser. Mas nosso erro é ir ao extremo, achar que a demora exagerada é algo "bom". Definitivamente isso foi causado pela dessensibilização provocada pela PMO compulsiva. A maior parte dos problemas sexuais que nos afligem são psicológicos, não físicos. Tanto que há homens velhos com melhor desempenho que muitos jovens, e jovens sofrendo de problemas considerados como da terceira idade.

A luta realmente é árdua, mas é mais prejudicial permanecer nisso. Sobre se abrir com sua esposa, eu recomendo que isso seja feito porque, no meu caso, foi essencial pro processo. Mas cada caso é um caso particular, apesar das semelhanças. Então, independente do que você fizer, faça o melhor para vencer essa luta e viver uma relação cada vez mais saudável e satisfatória com sua esposa.

Abraços, meu caro!

Domi1 escreveu:Ola Baren, o reboot só começa na minha opinião quando nos livramos de todos os conteúdos que juntamos durante o vício.

Se livre de tudo que existir, fotos, perfis, revistas, anotações, sites salvos..... Quando nos libertamos dessas coisas não temos mais nada físico que nos segure e por isso fica mais leve caminhar.

É como rasgar as cartas de amor da ex, nos livrar das roupas de um ente falecido... Dói, mas é necessário para seguir a diante.

Te desejo o melhor, assim como desejo o melhor para sua família.

forte abraço

Você está completamente certa, Domi1. Aliás, suas opiniões são sempre bem-vindas. Eu fiz isso, juntamente com minha esposa. Foi terrível ver ela testemunhando toda aquela podridão, mas ela foi bastante racional e compreensiva comigo (sem diminuir a gravidade do problema e sem deixar de enfatizar o quando isso precisa ser resolvido).

Eu me senti péssimo, envergonhado, humilhado - por mim mesmo e diante da minha consciência. Mas esses sentimentos negativos (que são a´te necessários inicialmente, pra dar um "choque" de realidade) deram lugar a um forte estímulo pra lutar e uma sensação completa de leveza, de ter se desfeito de mentiras e podridão.

Isso tudo estava pesando, drenando meu Reboot. Agora tenho certeza que meu desempenho será muito melhor.

Obrigado pelo apoio!