Diário da minha vitória

Drew escreveu:Amigos, hoje são 26 de março de 2024, uma terça-feira, por volta de 10hrs, e este é o relato de um homem cansado

O DESABAFO E O RESUMO DE TUDO (você pode pular para a parte importante se preferir)

Durante a minha vida eu sempre busquei fazer o que é mais certo e não o mais cômodo ou agradável, talvez seja um traço da minha personalidade ou temperamento, mas o fato é que nunca me conformei em me entregar pela metade àquilo que eu faço, sempre pulo de cabeça, 8 ou 800.

Desde criança, fui programado a acreditar que eu sou feio, por causa de um pequeno defeito físico, com essa programação mental confirmada por todos à minha volta (meu círculo social eram outras crianças) eu adentrei aos primeiros anos de minha adolescência. Quando eu poderia ter começado a me livrar disso, (eu tinha até conseguido perder o bv rsrsrs) aos 14 anos comecei a sofrer de acne (espinhas), e aquela programação de patinho feio com a qual eu cresci, somente se confirmava mais. Até os 18 anos sofri desse problema.

Veio a maioridade e parecia que aqueles problemas mencionados estavam no passado, era outro mundo, eu tinha amigos e uma vida, passei no Enem e entrei na faculdade, eram os meus melhores anos. Mas mesmo assim, eu ainda parecia um repelente de mulheres, por algum motivo (hoje vejo que a PMO tem muita culpa nisso) eu não tinha sucesso em nenhuma empreitada amorosa. Mesmo nos casos em que a mulher praticamente se jogou em meus braços (rsrsrs) por algum motivo eu não fazia nada e ela desistia de mim.

Até aqui, parece que eu estou reduzindo meu valor à aprovação feminina, o que é uma das coisas mais patéticas da sociedade atual, tornar "virgem" um xingamento e um termo depreciativo, como se isso fosse parâmetro para medir o valor de um homem. Mas acontece que há algo mais profundo aqui, um sofrimento interior, uma sensação de rejeição, uma confirmação de que eu era o mesmo patinho feio da minha infância, de que eu jamais seria amado ou teria sucesso na vida amorosa, de que eu era invisível e inatraente. Uma sensação de que eu nunca teria o que eu queria, o que quer que fosse, na vida em geral, parece que nasci pra ter meus desejos contrariados.

E sobre fazer o que é certo? Bom, já falei das questões com as mulheres e a minha auto-estima, agora vou falar de mais áreas da minha vida e por que isso é relevante.

Profissional: Meus pais sempre reprimiram qualquer tentativa minha de trabalhar durante a adolescência, e olha que era algo que eu queria muito fazer, tanto pelo dinheiro quanto pela experiência, eu aprendi a enxergar o trabalho como um valor na vida de uma pessoa. Mas a mentalidade da geração dos meus pais era: Estudar para passar numa faculdade e ter um bom emprego. Hoje tenho diploma e nenhum emprego.

Dos meus 18 a 20 anos, trabalhei como jovem aprendiz de auxiliar administrativo, aprendi a gostar desse tipo de trabalho, mas depois que acabou o meu contrato, nunca mais tive outra oportunidade.

Eu poderia ter me formado em Administração, mas minha ilusão ainda era ser um âncora de TV ou um repórter, assim adentrei ao curso de jornalismo. Nos anos de faculdade, entrei num projeto com uns colegas na área dos esportes, queria muito poder trabalhar na imprensa local cobrindo o futebol, mas não obtive êxito nisso, o que fez tanto mal pra minha cabeça que parei de assistir futebol, pois não aguentava aquela frustração.

Em 2021 acordei para a possibilidade de fazer um concurso público e desde então venho estudando, mas até o momento fui mal nas 5 provas que fiz. Se eu ficar recaindo em PMO até próximo das provas, vou continuar tendo esse desempenho.

Política: Quando comecei a entender as ideologias e o mundo político, me engajei em um determinado lado e aderi a uma certa narrativa e visão de mundo, à qual hoje vejo que não é bem como eu imaginava. Mas lembram que eu disse que sempre pulo de cabeça? Então, eu me dediquei ao máximo, ia a todas as manifestações, falava disso o tempo inteiro nas minhas redes sociais, acreditava que eleger um determinado político mudaria os rumos da nação, mas quando ele entrou lá, foi apenas uma grande decepção. Mas ao menos isso serviu para eu entender que não há solução para os nossos problemas no jogo de cartas marcadas que é a política partidária, ganhamos muito mais cuidando do nosso desenvolvimento pessoal do que brigando por esses caras.

Religião: Cresci em familia católica, mas não muito praticante, ainda assim absorvi os valores dessa religião. Como nunca me contentei com a mediocridade, sempre fui a fundo e estudei para compreender de fato e ser o mais coerente possível com a Igreja Católica. Pois não adianta eu frequentar por costume e não saber realmente o que estou fazendo ali (O que é o caso de 90% do brasileiro médio em qualquer que seja o lugar). Assim, com os anos eu fui vivenciando e compreendendo as coisas até aderir à posição da FSSPX, aonde se preserva a Missa Tridentina e demais costumes tradicionais da Igreja, além de resistir às modernizações indevidas.

Mas aqui chegamos àquele ponto que talvez seja a minha maior dor, não viver corretamente os valores que estão enraizados em mim. De que me valeram todos esses anos de estudo e de buscar fazer a coisa certa? Se hoje, numa terça-feira da Semana Santa, eu estou afundado no vício, do qual me vejo refém, totalmente entregue, sem perspectiva de melhora, continuo fazendo o mal que não quero, ao invés do bem que eu quero.

27 anos de idade, várias teorias de como o mundo deveria ser, de como as pessoas deveriam viver, de como eu deveria estar, de qual a religião verdadeira, de qual posição política é mais correta. Tudo isso e no fim eu falhei no básico, não consigo ficar uma semana da minha vida sem MO durante anos e anos, não consigo um bom emprego, não tenho perspectiva de futuro, não tenho uma vida coerente com os meus valores, penso constantemente que seria melhor dar um fim a tudo, vivo estressado e afetado emocionalmente.



A PARTE QUE IMPORTA

Este é o relato de um homem cansado tentando refletir um pouco sobre a vida que levou até hoje, todas as misérias e fracassos, ainda que tentando fazer tudo certo. Tudo isso por culpa (direta ou indireta) de um vício que pratico longe dos olhares de todos, mas que afeta diretamente em todas as áreas da minha vida. Sei como parece que estou atribuindo a um único fator todo o meu fracasso, mas se não for tudo é em grande parte por isso.

O que estou sentindo agora?

Minha cabeça grita desesperadamente para que meu corpo pare de fazer o que está fazendo, meus valores e princípios passam pelos meus pensamentos enquanto meus olhos estão nas piores atrocidades da baixeza humana.

Minha consciência interior tenta de tudo, tenta dizer que há concursos importantes pela frente, tenta dizer que sou mais feliz sem a culpa do vício, tenta dizer que há coisas mais importantes a serem feitas, tenta argumentar que a MO vai drenar a energia necessária para o meu desenvolvimento pessoal diário. Tudo é em vão, enquanto eu grito para os meus membros pararem, eu apenas assisto eles fazerem tudo de novo, de novo, de novo, por anos e anos e anos.

2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023, 2024.

Nada mudou...

Esta é uma despedida, pois não é o objetivo do fórum ficar falando sobre fracassos e sim sobre o reboot. Pela minha personalidade, eu sempre busco coerência, e desde quando entrei aqui, nunca fui coerente.

Porém, se esse eu fracassado morrer, daqui um tempo o eu vitorioso pode voltar no fórum pra dizer como estão indo as coisas.

O que mantém a minha esperança, é o pensamento de que eu ainda posso construir um futuro diferente.

Pra dizer a verdade, sinto algum alívio ao terminar este texto, sinto que posso voltar a recuperar a disposição para os meus bons hábitos, que perdi quando entrei no atual ciclo de recaídas.

O eu fracassado nunca mais postará neste fórum, voltarei quando eu tiver certeza de que estou sendo coerente. Se tem uma palavra que define o meu caráter, eu creio se essa: coerência.

Adicionei um contador porque só voltarei ao meu diário quando eu completar ao menos meio reboot.

Que São José nos guarde como homens íntegros e castos.

Até logo, compadres!!!